ARTIGO
Logística e Sustentabilidade

O mundo mudou. Aliás, muda todos os dias. Nossos hábitos, necessidades, preocupações, paradigmas e a forma como fazemos as coisas também mudam. Nesta evolução o mercado global se movimenta e nos abastece a cada instante com produtos e serviços diversos os quais consumimos não só por questões de sobrevivência, mas pelo simples desejo de obter conforto, prazer, satisfação, luxo, crescimento pessoal, sem esquecer a prática da descartabilidade intrínseca em nossas vidas. Neste sentido, cotidianamente geramos quilos de resíduos em nossas atividades e é justamente a falta de controle sobre eles que pode condenar tudo aquilo que conquistamos e a própria continuidade de nossas gerações.
Para movimentar tudo isso entra em cena a Logística, com a complexa “missão” de agregar valor aos produtos, planejando e gerenciando o fluxo direto da cadeia de suprimentos, aplicando inteligência de processos em prol da eficiência dos custos desde o fornecimento de matérias primas, passando pelas etapas de produção, embalagem, transporte, armazenagem, controle de estoque, reabastecimento, distribuição ao local de consumo, mas também em solucionar os desafios do fluxo reverso das mesmas embalagens, peças, produtos defeituosos ou obsoletos, e tudo o mais que possa vir a ser descartado. A isto passamos a chamar de resíduo.
A preservação do meio ambiente e o futuro com o qual sonhamos para nossos filhos e netos tornam-se diretamente dependentes daquilo que fazemos com os materiais que descartamos. Os resíduos gerados passam então a fazer parte de um contexto de Sustentabilidade, pois não mais podem ser simplesmente “jogados no lixo”, e sim reaproveitados sempre que possível ou sendo novamente inseridos na cadeia produtiva através de logística reversa como matéria-prima secundária ou sendo transformados em novos produtos por meio de processos de reciclagem.
Vemos que a atual década chegou marcada pelo aprimoramento da consciência ambiental da sociedade, em particular a brasileira, motivada tanto por influência do maior acesso à cultura de ações ambientalmente sustentáveis existentes na Europa e nos Estados Unidos, quanto pela incipiente melhora educacional promovida por agentes isolados ou dentro de nossas próprias famílias. Este novo cenário é oriundo também de um novo marco regulatório desde o ano de 2010 com a chegada da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10), que veio promover a formação de uma nova economia, cujos hábitos, necessidades, preocupações, paradigmas e a forma como fazemos as coisas começam definitivamente a mudar. Esta lei traz importantes princípios, como o da “responsabilidade compartilhada” entre fabricantes, importadores, distribuidores, varejistas e consumidores sobre todos os resíduos que são gerados desde a fabricação até o consumo.
A eficácia da legislação passa primeiramente pela prática da coleta seletiva na sociedade. Às prefeituras e governos, por sua vez, cabe o papel de prover infraestrutura de captação, incentivar ações conjuntas e locais de reciclagem, e também a fiscalizar todo o processo. Por sua vez, as empresas passam a buscar soluções sistêmicas e de logística reversa de modo que os resíduos gerados pelos seus produtos possam retornar à cadeia produtiva ou que recebam a destinação adequada, como reaproveitamento, reciclagem, compostagem, incineração ou, em último caso, um aterro sanitário licenciado, mas sempre mantendo o controle e gerenciamento através de um Plano de Gestão de Resíduos, preparando a empresa para a respectiva prestação de contas cuja lei também passa a exigir. Enfim, estamos vendo o mundo mudar para melhor.

